Sermão O PECADO DE ZEDEQUIAS (texto na íntegra)

 

TEMA

HAMARTIOLOGIA; CRISTOLOGIA

TÍTULO

O PECADO DE ZEDEQUIAS

TEXTO

Jeremias 17.5 a 8 “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto as águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se preocupa, nem deixa de dar fruto”.

INTRODUÇÃO

O período histórico que envolve este texto é o do vigésimo e último rei de Judá, Zedequias.

O texto reflete os acontecimentos entre 598 e 587 ac, um período de 11 anos.

A história do rei Zedequias ocupa boa parte do livro de Jeremias, na fase final do ministério do profeta.

CONTEXTO LITERÁRIO

Este capítulo de Jeremias é uma coletânea de materiais mistos, sem que formem uma unidade de pensamento.

Os versos 5 a 8 tem a estrutura de um salmo dentro deste livro profético. O texto e o tema são muito semelhantes ao de Salmos 1.

O texto se baseia no contraste entre duas atitudes: a confiança no homem e a confiança em Deus.

PROPOSIÇÃO

O objetivo deste estudo é olhar para este texto de Jeremias e ir além da exortação do profeta aos homens que depositam sua confiança na capacidade humana de lhes salvar das adversidades.

O estudo se debruçará sobe as razões que levam o homem a deixar a confiança em Deus para deposita-la na força de outros homens.

A CONDIÇÃO QUE LEVOU JUDÁ A DESTRUIÇÃO

O período que compreende a história de Zedequias é de grande disputa entre os impérios babilônico e egípcio pelo controle da Ásia.

Os babilônicos haviam derrotado os assírios e assumido o controle de grande parte da região.

O faraó Neco levantou-se para enfrentar os babilônicos. Ele precisava passar pela Judéia para ir à guerra, porém o rei Josias não concordou com esta atitude e se levantou contra ele, morrendo em batalha.

2 Reis 23.29 “Nos seus dias subiu Faraó Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates; e o rei Josias lhe foi ao encontro; e, vendo-o ele, o matou em Megido”.

No seu lugar reinou seu filho Jeoacaz, que foi destituído pelo faraó Neco quando este retornava da batalha contra s babilônicos.

2 Reis 23.33,34 “Porém Faraó Neco o mandou prender em Ribla, em terra de Hamate, para que não reinasse em Jerusalém; e a terra impôs pena de cem talentos de prata e um talento de ouro. Também Faraó Neco constituiu rei a Eliaquim...e mudo o nome para Jeoiaquim...”.

Tanto Jeoacaz quanto Jeoiaquim fizeram o que era mau aos olhos do Senhor.

Quando o imperador babilônico Nabucodonozor derrotou o rei do Egito, ele começou a conquistar os territórios da Síria, quatro anos depois ele chegou a Judéia, tornando Jeoiaquim seu tributário.

2 Reis 24.1 “Nos seus dias subiu Nabucodonozor, rei de Babilônia, e Jeoiaquim ficou três anos seu servo; depois se virou, e se rebelou contra ele”.

A razão que levou Jeoiaquim a rebelar-se contra Nabucodonozor foi o boato que o rei do Egito voltaria a lutar contra a babilônia, o que acabou não ocorrendo.

2 Reis 24.7 “E o rei do Egito nunca mais saiu da sua terra; porque o rei de Babilônia tomou tudo quanto era do rei do Egito”.

Com a morte de Jeoaquim reinou em seu lugar seu filho Joaquim, seu reinado durou apenas três meses, pois ele foi levado cativo a Babilônia

2 Reis 24.10,12,15 “Naquele tempo subiram os servos de Nabucodonozor, rei de Babilônia, a Jerusalém; e a cidade foi cercada...Então saiu Joaquim, rei de Judá, ao rei de Babilônia...e o rei o tomou preso...Assim transportou Joaquim a Babilônia.”

É desta forma que surge o rei Zedequias

2 Reis 24.17 “E o rei de Babilônia estabeleceu a Matanias, seu tio, rei em seu lugar; e lhe mudou o nome para Zedequias”.

Seu reinado é registrado nos livros dos reis de Judá

2 Crônicas 36.11 “Tinha Zedequias a idade de vinte e um anos, quando começou a reinar; e onze anos reinou em Jerusalém”.

AS RAZÕES QUE LEVARAM O SENHOR A PERMITIR A DESTRUIÇÃO DE JUDÁ

Jeremias 25.1 a 9 “A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá no quarto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá (que é o primeiro ano de Nabucodonosor, rei de babilônia), A qual anunciou o profeta Jeremias a todo o povo de Judá, e a todos os habitantes de Jerusalém, dizendo: Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim a palavra do Senhor, e vo-la tenho anunciado, madrugando e falando; mas vós não escutastes. Também vos enviou o Senhor todos os seus servos, os profetas, madrugando e enviando-os, mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir, Quando diziam: Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e habitai na terra que o Senhor vos deu, e a vossos pais, para sempre. E não andeis após outros deuses para os servirdes, e para vos inclinardes diante deles, nem me provoqueis à ira com a obra de vossas mãos, para que não vos faça mal. Porém não me destes ouvidos, diz o Senhor, mas me provocastes à ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal. Portanto assim diz o Senhor dos Exércitos: Visto que não escutastes as minhas palavras, Eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei de babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações”.

NABUCODONOZOR COMO INSTRUMENTO DE DEU PARA JULGAR ISRAEL

O Senhor deixa claro nas profecias de Jeremias que Ele havia escolhido Nabucodonozor como instrumento para disciplinar Israel

Tudo o que estava acontecendo não era um acaso, mas fazia parte dos planos de Deus.

Jeremias 27.5 a 8 “Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face da terra, com o meu grande poder, e com o meu braço estendido, e a dou a quem é reto aos meus olhos. E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam. E todas as nações servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que também venha o tempo da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis se servirão dele. E acontecerá que, se alguma nação e reino não servirem o mesmo Nabucodonosor, rei de babilônia, e não puserem o seu pescoço debaixo do jugo do rei de babilônia, a essa nação castigarei com espada, e com fome, e com peste, diz o SENHOR, até que a consuma pela sua mão”.

A SITUAÇÃO DE ZEDEQUIAS

O profeta Ezequiel foi um dos levados a Babilônia na primeira leva de prisioneiros, e da Babilônia ele profetiza sobre os planos de Zedequias:

Ezequiel 17.11 a 15 “Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Dize agora à casa rebelde: Não sabeis o que significam estas coisas? Dize: Eis que veio o rei de Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e os seus príncipes, e os levou consigo para Babilônia. E tomou um da descendência real, e fez aliança com ele, e o fez prestar juramento; e tomou consigo os poderosos da terra, Para que o reino ficasse humilhado, e não se levantasse, embora, guardando a sua aliança, pudesse subsistir. Mas rebelou-se contra ele, enviando os seus mensageiros ao Egito, para que se lhe mandassem cavalos e muita gente. Porventura prosperará ou escapará aquele que faz tais coisas, ou quebrará a aliança, e ainda escapará? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que no lugar em que habita o rei que o fez reinar, cujo juramento desprezou, e cuja aliança quebrou, sim, com ele no meio de Babilônia certamente morrerá. E Faraó, nem com grande exército, nem com uma companhia numerosa, fará coisa alguma com ele em guerra, levantando trincheiras e edificando baluartes, para destruir muitas vidas. Porque desprezou o juramento, quebrando a aliança; eis que ele tinha dado a sua mão; contudo fez todas estas coisas; não escapará.Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vivo eu, que o meu juramento, que desprezou, e a minha aliança, que quebrou, isto farei recair sobre a sua cabeça”.

O QUE HÁ NO CORAÇÃO DE UM HOMEM QUE REJEITA A DEUS PARA CONFIAR NA FORÇA DE OUTROS HOMENS:

No livro de 2 Crônicas capítulo 36 a Bíblia nos responde esta questão através dos atos de Zedequias, e então podemos entender o que há por detrás de toda esta ação pecaminosa por parte dele.

OS PECADOS DE ZEDEQUIAS

O que leva alguém a desprezar o Senhor em prol de confiar sua segurança e futuro nas mãos do poder humano?

Ele sabia das razões pelas quais o Senhor estava disciplinando Israel

Ele sabia que o Senhor estava usando Nabucodonozor para este fim.

O profeta Jeremias já havia deixado claro que o Senhor estava conduzindo aquele processo doloroso de disciplina.

O que Zedequias conscientemente escolheu foi um meio para livrar-se destas duas questões com um só instrumento: O poder do rei do Egito

É por isso que o registro de Jeremias 17 fala contra ele “maldito o homem que confia no homem”.

Veja como 2 Crônicas 36.11 a 16 narra os pecados do coração de Zedequias:

Ø  CONFIAR QUE A FORÇA HUMANA PODE MUDAR A HISTÓRIA TRAÇADA POR DEUS É UMA TENTATIVA VÃ DE FUGIR DA NECESSIDADE DE ARREPENDIMENTO

12. E fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus; nem se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte do Senhor.

O Senhor concedeu através de Jeremias inúmeras oportunidades de arrependimento, mas Zedequias as desprezou.

O orgulho no coração humano o impede de aceitar o plano de Deus.

Em determinado momento Zedequias perguntou a Jeremias se havia saída da parte de Deus

Jeremias 38.17 “...Se voluntariamente saíres aos príncipes do rei da Babilônia, então viverá a tua alma, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa”.

Zedequias nunca aceitou este conselho, preferiu morrer em seu orgulho.

Ø  POR DETRÁS DA CONFIANÇA NO PODER DOS HOMENS ESTÁ O DESEJO PECAMINOSO DO CORAÇÃO HUMANO DE MANTER AQUILO QUE LHE SATISFAZ

13. Além disto, também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus. Mas endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não se converteu ao Senhor Deus de Israel.

O profeta Ezequiel repreendeu Zedequias por esta atitude

Ezequiel 17.12 a 15 Disse agora a casa rebelde: Não sabeis o que significam estas coisas? Dize: Eis que veio o rei de Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e os seus príncipes, e os levou consigo para Babilônia. E tomou um da descendência real, e fez aliança com ele, e o fez prestar juramento; e tomou consigo os poderosos da terra, para que o reino ficasse humilhado, e não se levantasse, embora, guardando a sua aliança, pudesse subsistir. Mas rebelou-se contra ele, enviando os seus mensageiros aos Egito, para que lhe mandassem cavalos e muita gente. Porventura prosperará ou escapará aquele que faz tais coisas, ou quebrará a aliança, e ainda escapará?”.

Mesmo sendo advertido Zedequias não abandonou seus propósitos.

O apego de Zedequias pelo poder e riqueza o impediam de abrir mão do tesouro do seu coração.

Por diversas vezes Jeremias chamou Zedequias ao arrependimento, que se corrigisse e deixasse de dar ouvidos aos falsos profetas, mas o rei jamais abandonou seu caminho.

Jeremias 27.12 a 15 “E falei com Zedequias, rei de Judá...Colocai os vossos pescoços no jugo do rei de Babilônia, e servi-o...e não deis ouvidos as palavras dos profetas que vos falam...porque não os enviei...e profetizam falsamente em meu nome”.

Zedequias sabia o que devia fazer, mas era incapaz de fazê-lo devido a sua obstinação.

Ø  A FALTA DE ARREPENDIMENTO LEVA O HOMEM A ENTESOURAR PECADOS PARA O DIA DO JUÍZO DE DEUS

14. Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa do Senhor, que ele tinha santificado em Jerusalém.

O mais grave desta descrição é que oito anos antes Nabucodonozor havia tomado Judá e pilhado Jerusalém. Aquele povo vivia em grande miséria, e nem isto os fez deixar os seus pecados, eles ainda os aumentaram.

O profeta Ezequiel falou contra esses pecados e as abominações praticada pelos judeus no próprio templo, falando de imagens de ídolos que foram pintadas nas paredes do templo.

Ezequiel 8.16 “E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor, e eis que estavam a entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor, e com os rostos para o oriente; e eles virados para o oriente adoravam o sol”.

Ø  A CONFIANÇA NO PODER HUMANO TORNA OS HOMENS SURDOS A VOZ AMOROSA DE DEUS

15. E o Senhor Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por intermédio dos mensageiros, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação.

O Senhor havia lhes enviado profetas, Jeremias, Sofonias e Ezequiel, também lhes castigou através de Nabucodonozor, mas nada disso mudou o coração daquele povo.

O amor de Deus foi desprezado e transformou-se em severo castigo.

Ø  A CONFIANÇA NO PODER DOS HOMENS É ACOMPANHADA PELO DESPREZO A DEUS E A SUA PALAVRA

16. Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus profetas;

Assim os habitantes de Judá demonstraram que não havia como recupera-los de sua idolatria e obstinação.

A falta de temor os levou a zombar de Deus, de sua palavra e de seus profetas.

O próprio Zedequias fez isso, desprezando a palavra de Deus.

O profeta Ezequiel disse que ele não veria a Babilônia, enquanto o profeta Jeremias disse que ele seria levado para lá. Zedequias considerou que os profetas entraram em contradição. Mas o que aconteceu foi que Zedequias foi realmente levado a Babilônia, porém não a viu, pois Nabucodonozor lhe vazou os olhos.

2 Reis 25.7 “E aos filhos de Zedequias mataram diante dos seus olhos; e vazaram os olhos de Zedequias, e o ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram a Babilônia”.

Ø  A CONFIANÇA NO PODER DOS HOMENS É A CAUSA DA DESTRUIÇÃO

16 “até que o furor do Senhor tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve”.

Este é o triste epílogo de Judá.

APLICAÇÃO

O que aprendemos disto?

Ø  Não há como o homem fugir dos propósitos de Deus

Ø  É engano pensar que o poder humano pode mudar os desígnios de Deus

Ø  Quando o homem confia no poder humano o que ele está fazendo é simplesmente tentar fugir da real necessidade de arrependimento.

Ø  Deus tem sempre a última palavra.