Sermão COMO VIVER EM MEIO A DOR E O SOFRIMENTO (texto na íntegra)
TEMA
VIDA CRISTÃ; LUTAS E DIFICULDADES
TÍTULO
COMO VIVER EM MEIO A DOR E O SOFRIMENTO
TEXTO
Salmos 88
INTRODUÇÃO
Possivelmente o Salmo 88 se constitui no mais triste
dos escritos bíblicos, descrevendo a história de um homem que durante a maior
parte de sua vida provou do sofrimento decorrente de uma doença degenerativa.
Este homem é descrito nas notas introdutórias
acrescentadas neste salmo como sendo Hemã, um ezraíta. Ele é descrito nos
livros históricos como um dos homens considerados mais sábios no período do
reinado de Salomão (1 Reis 4.31). Em 1 Crônicas 15.17 é nos dito que Hemã era
um levita, e no capítulo 6 do mesmo livro ele é reconhecido como cantor (1
Crônicas 6.33).
O Salmo 88 é um salmo didático, ou seja, escrito
para nos ensinar. Seu ensino é profundo e precioso, tratando das reações e
cotidiano de um ser humano envolto pela dor e sofrimento, mas que se manteve em
oração durante todo o tempo de seu padecimento.
I)
A CONDIÇÃO
DE HEMÃ EM SUA ENFERMIDADE
ü Temos aqui uma pessoa que busca
na oração o alívio a suas dores
1.SENHOR Deus da minha salvação, diante de ti tenho
clamado de dia e de noite.
A questão aqui não é de falta de oração, ele o faz dia e noite, porém sem
uma resposta aparente, pois ele terminará o salmo com mais orações e não com
ação de graças por ser atendido.
ü Aparentemente suas
orações não estão sendo respondidas
2. Chegue a minha
oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao meu clamor;
Ele continuava
orando, mas Deus aparentemente agia com indiferença a sua condição.
ü Seu estado de saúde é terminal
3. Porque a minha está
cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura.
Uma
alma carregada de males, os sofrimentos não o haviam dado descanso e ele estava
perto da morte.
ü
As pessoas ao redor dele já não tem esperanças em sua recuperação
4. Estou contado com
aqueles que descem ao abismo; estou como homem sem forças,
Ele já era contado
como um homem morto, mesmo ainda estando vivo. Era um caso de doença terminal.
Suas forças físicas
estavam no fim.
ü As pessoas já o esqueceram mesmo antes da sua morte
5. Livre entre os
mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais te não
lembras mais, e estão cortados da tua mão.
“Livre
entre os mortos”, a semelhança de soldados mortos em um campo de batalha.
Ele
seria esquecido por todos.
ü Ele já contempla sua própria sepultura
6. Puseste-me no
abismo mais profundo, em trevas e nas profundezas.
Ele
fala de seu próprio sepulcro, onde seria finalmente esquecido.
ü Ele considera que tudo isso é um castigo de Deus
7. Sobre mim pesa o
teu furor; tu me afligiste com todas as tuas ondas.
É assim
que ele vê sua enfermidade, como um castigo de Deus.
Aqui se
reflete o pensamento dos três amigos de Jó, que viam na enfermidade dele o
castigo de Deus devido aos seus pecados.
“Com
todas as ondas”, é como se Deus tivesse criado uma tempestade para afligir
aquele homem. Onda após onda o acoitam.
ü
Ele se encontra completamente abandonado
8. Alongaste de mim os
meus conhecidos, puseste-me em extrema abominação para com eles. Estou fechado,
e não posso sair.
A classe de sua doença
degenerativa fizera com que as pessoas se afastassem dele.
“Estou preso, não posso
sair”, uma quarentena exigida daqueles que eram contaminados pela lepra.
“Não posso sair”,
II)
O
QUESTIONAMENTO DE HEMÃ A CONDUTA DE DEUS PARA COM ELE
O sofrimento tem o poder
de nos fazer questionar a bondade e cuidado de Deus para conosco.
ü Mesmo em tal situação ele não deixa
de lado a oração
9. A minha vista
desmaia por causa da aflição. Senhor,
tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos.
Mesmo
diante de toda circunstância narrada nos primeiros versos aquele homem não
deixou de orar e clamara a Deus.
Seu
questionamento é sobre quando afinal Deus resolverá agir.
ü
Ele questiona quando Deus resolverá agir
Quando a morte já o houver
tragado?
10. Mostrarás, tu, maravilhas
aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão?
Quando
ele já estiver na sepultura?
11. Será anunciada a
tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição?
Quando
todos já tiverem se esquecido dele?
12. Saber-se-ão as tuas
maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?
ü As coisas estão cada
vez mais difíceis, mas ele continua em oração
13. Eu, porém, Senhor, tenho clamado a ti, e de
madrugada te esperará a minha oração.
O
enfermo continua clamando por socorro.
Não é
por falta de pedido que Deus não está atendendo.
ü
O questionamento de porque Deus não está agindo
14. Senhor, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face?
É como
se ele perguntasse a Deus “Afinal, o que foi que eu te fiz?”, “Qual o
problema?”
ü Ele agora está muito
perto da morte
15. Estou aflito, e
prestes tenho estado a morrer desde a minha mocidade; enquanto sofro
os teus terrores, estou perturbado.
O homem
aflito chega a seu apelo final na tentativa de obter a atenção de Deus.
Sua
enfermidade o acompanhara por quase toda sua vida, parece que Deus nunca o
favoreceu nem intercedeu em seu favor.
“estou
perturbado”, a palavra usada aqui lembra a de um boxeador prestes a sofrer o
nocaute.
ü Sua crença é que Deus
é o causador de seu sofrimento
16. A tua ardente
indignação sobre mim vai passando; os teus terrores me têm retalhado.
O
enfermo expressa seu entendimento que é Deus a causa de todo seu sofrimento.
A ira
de Deus o açoita dia e noite.
A fúria
de Deus tem liquidado com ele.
ü Não há mais nada além
da dor em sua vida
17. Eles me rodeiam
todo o dia como água; eles juntos me sitiam.
A dor e
o sofrimento o escravizaram.
ü Ele se sente
completamente sozinho
18. Desviaste para
longe de mim amigos e companheiros, e os meus conhecidos estão em
trevas.
Ele se sente abandonado
por Deus e também pelos homens.
APLICAÇÃO
1.
Devemos reconhecer que mesmo homens santos
e fiéis ao Senhor enfrentam períodos de grande sofrimento durante sua vida.
Assim foi com Moisés, Elias e Asafe, e com muitos outros. Mesmo crentes fiéis
podem passar por períodos de grande sofrimento, sem que isso signifique que
Deus os está castigando. Estes períodos de sofrimento podem durar dias, meses,
anos ou mesmo a vida inteira de um filho de Deus.
2.
A grande lição diante deste fato é que
deus está nos mantendo cônscios da maligna realidade do pecado em nossa vida. O
sofrimento de Hemã era causado por uma enfermidade, consequência da entrada do pecado
em nossa raça. Chegará o dia em que seremos livres desta maldição, mas enquanto
vivermos neste mundo esta é a nossa terrível realidade.
3.
Hemã nos ensina que não devemos deixar de
orar jamais. Mesmo que em seu sofrimento ele tenha pensado que Deus não respondia
suas orações e não estava preocupado com sua condição, a resposta do Senhor
veio na forma de mantê-lo em oração, fazendo com que Hemã se tornasse um
exemplo de persistência para nós e para tantas outras gerações.
4.
Lembre-se de todo sofrimento pelo qual
Jesus Cristo também passou, a extrema pobreza a qual enfrentou, os homens que procuraram
sua morte desde sua infância, o testemunho de Isaías que diz que Jesus era um
homem de dores e que sabia o que era padecer. O sofrimento não é um castigo,
mas um ensinamento.
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