Devocional 18\08\2021 O LEGADO DE RISPA


DEVOCIONAL DIÁRIO

DATA

18\08\2021

TÍTULO

O LEGADO DE RISPA

TEXTO

Os atentos leitores das sagradas Escrituras encontrarão no segundo livro do profeta Samuel um acontecimento que, de tão peculiar, fez de sua personagem principal, Rispa, concubina do rei Saul, uma mãe reconhecida através dos séculos como um exemplo de devoção a seus filhos, mesmo depois de mortos, como nos é narrado “Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho sobre uma penha, desde o princípio da sega até que a água do céu caiu sobre eles; e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do campo de noite” (2 Samuel 21.10). Faremos bem em observar com atenção os fatos que concederam notoriedade a esta mulher.

A cena principal destes fatos tem como pano de fundo os acontecimentos narrados no vigésimo primeiro capítulo de segunda Samuel, onde lemos “E HOUVE nos dias de Davi uma fome de três anos consecutivos; e Davi consultou ao Senhor, e o Senhor lhe disse: É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os gibeonitas” (2 Samuel 21.1). É necessário que retornemos alguns séculos na história da nação de Israel, encontrando os gibeonitas astutamente ludibriando a Josué em busca de serem poupados na campanha de ocupação da terra prometida. Fingindo-se como moradores distantes, os gibeonitas propuseram a Josué uma aliança de paz, ao que Josué e os demais líderes anuíram a este acordo sem terem consultado primeiro ao Senhor, como nos é narrado “E Josué fez paz com eles, e fez um acordo com eles, que lhes daria a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento” (Josué 9.15). Posteriormente Josué vem a descobrir que fora enganado, sendo, porém, obrigado a manter sua promessa para com aquele povo. Tempos depois, em seu furor nacionalista, o rei Saul procurou destruí-los, matando a muitos deles. Quando a seca assolou a terra no tempo do rei Davi, reconhecendo que esta era a causa do que ocorria, Davi procurou uma forma de reparar tal fato, dizendo “Que quereis que eu vos faça? E que satisfação vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?” (2 Samuel 21.3). Ao que os gibeonitas responderam “O homem que nos destruiu, e intentou contra nós de modo que fôssemos assolados, sem que pudéssemos subsistir em termo algum de Israel, de seus filhos se nos deem sete homens, para que os enforquemos ao Senhor em Gibeá de Saul, o eleito do Senhor(2 Samuel 21.5,6). Novamente sem consultar ao Senhor, Davi atendeu à vontade daqueles homens, como nos é narrado “Mas tomou o rei os dois filhos de Rispa, filha da Aiá, que tinha tido de Saul, a Armoni e a Mefibosete; como também os cinco filhos da irmã de Mical, filha de Saul, que tivera de Adriel, filho de Barzilai, meolatita, e os entregou na mão dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte, perante o Senhor” (2 Samuel 21.8,9).

É aqui que tomamos conhecimento da atitude tomada por Rispa, como nos é descrito “Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho sobre uma penha, desde o princípio da sega até que a água do céu caiu sobre eles; e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do campo de noite” (2 Samuel 21.10). Mesmo diante de tamanha brutalidade, comum em seu tempo, em momento algum encontramos Rispa a questionar ou exigir qualquer direito, em momento algum ouvimos a voz de Rispa, apenas sua longa e heroica vigília. Rispa não possuía nem poder nem influência política, mas por sua coragem obrigou o poderoso Davi a providenciar um sepultamento digno não somente para seus filhos, como também para Saul e Jônatas, além de seus cinco netos que foram também mortos pelos gibeonitas. Este fato deu fim as disputas entre Davi e a descendência de Saul.

Eis o legado de Rispa, uma mulher sensata em meio à loucura dos homens.

 


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