O EVANGELHO E NOSSAS AFLIÇÕES - DEVOCIONAL10\09\2023


DEVOCIONAL DIÁRIO

DATA

10\09\2023

TÍTULO

O EVANGELHO E NOSSAS AFLIÇÕES

TEXTO

Há uma característica no modelo de cristianismo praticado em nossos dias que causaria profunda estranheza nas gerações de cristãos que vivenciaram os primeiros séculos do genuíno cristianismo. O modo pejorativo como toda sorte de aflições é vista pelos cristãos modernos é algo muitíssimo distante daquilo que foi a experiência e conduta das primeiras gerações de salvos em Cristo. Encontramos nas Escrituras um vislumbre desta questão ao contemplarmos o comportamento do apóstolo Paulo diante das muitas aflições sofridas por este servo de Deus em nome de Cristo. Deixemos, pois, que nossa mente e coração sejam instruídas quanto a esta verdade a partir do testemunho do apóstolo aos gentios.

Ao escrever aos salvos em Filipos, o apóstolo Paulo encontrava-se preso, aguardando o desenrolar de seu julgamento pelas autoridades romanas. É nesta condição que ele escreve a estes cristãos dizendo E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho” (Filipenses 1.12). Não encontramos no livro histórico de Atos uma narrativa detalhada que nos permita saber ao que Paulo se refere ao citar “as coisas que me aconteceram”, porém o próprio apóstolo tratou de relatar em sua segunda epístola aos coríntios algumas das aflições sofridas por ele no cumprimento de sua missão, como os “trabalhos...fadigas...vigílias” (2 Coríntios 11.27) causados pela necessidade de trabalhar para garantir seu sustento. Paulo narra que foi açoitado oito vezes por diferentes autoridades Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas” (versos 24,25). Escritos do período apostólico narram que Paulo foi encarceirado pelo menos cinco vezes, além de ter sido apedrejado e dado como morto. Paulo enfrentou toda sorte de perigos em suas viagens missionárias, como ele mesmo narra “em perigo de morte, muitas vezes...em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos”, isto além dos naufrágios relatados por ele “três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo”. A narrativa de 2 Coríntios ainda nos permite saber das agruras sofridas por este servo de Deus, que muitas vezes esteve “em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez”.

Além destas questões, havia ainda as circunstancias que Paulo estava enfrentando em seu período de encarceramento, como ele mesmo nos narra em sua segunda epístola a Timóteo “Porque Demas me desamparou, amando o presente século...Só Lucas está comigo...Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males...Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam...” (2 Timóteo 4.10,11,14,16). Já próximo de sua morte, Paulo sofreu o abandono por parte de muitas pessoas próximas a ele. Devemos acrescentar a esta lista de aflições o fato que Paulo era ciente que muito em breve seria condenado a morte pelo Império Romano, fato que ele mesmo reconhece ao escrever a Timóteo “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (2 Timóteo 4.6).

Pouquíssimos cristãos enfrentaram tamanha sorte de aflições nesta vida, porém o que deve nos chamar a atenção não é apenas o teor desta narrativa, mas a reação do apóstolo Paulo a tudo isto que lhe sobreveio. Ao invés de queixumes e amarguras, ao invés de vitimizar-se e demonstrar auto comiseração, o que vemos em Paulo é um regozijo pelo resultado colhido pelas aflições enfrentadas, como ele mesmo narra aos filipenses ao dizer E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho” (Filipenses 1.12).

O que Paulo nos ensina é que, quando nosso amor por Cristo é maior que nosso egoísmo, nenhuma aflição será pesada demais.

 

 

 

 

 

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