Estudo Bíblico "Lições de Escatologia #2 - Métodos de Interpretação"
TEMA
ESCATOLOGIA - MANUAL DE ESCATOLOGIA (J. DWIGHT PENTECOST)
CAPÍTULO #02
OS MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
INTRODUÇÃO
Na
lição anterior vimos como a interpretação do texto bíblico obterá
diferentes resultados de acordo com o método de interpretação utilizado.
Os
dois principais métodos de interpretação utilizados em nosso tempo são o método
alegórico, onde o interprete busca uma interpretação de caráter espiritual
por meio da aplicação de figuras encontradas no texto, de forma que poderão
ocorrer diferentes aplicações do mesmo texto, uma vez que o próprio interprete
é a chave da interpretação.
Já
o método literal, também chamado de histórico-gramatical, considera o
significado das palavras usadas no texto em seu sentido usual e comum por parte
das pessoas que o usavam quando da escrita do texto, de forma que o sentido do
texto deve ser apurado segundo o contexto histórico em que foi descrito. Tal
metodologia delimita a interpretação do texto aquilo que ele diz e não a
interpretação pessoal do interprete.
Na lição de hoje trataremos do desenvolvimento histórico da interpretação
bíblica e seus principais pontos.
I) A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO
a.
Quem foi o primeiro intérprete das
Escrituras?
Gênesis
3.1
1. ORA, a
serpente era mais astuta que todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta
disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do
jardim?
Na
história bíblica encontramos a primeira narrativa envolvendo a interpretação
bíblica quando do retorno de Israel a sua terra após o cativeiro babilônico,
quando o sacerdote Esdras reuniu o povo e fez a leitura do Velho Testamento.
Durante o exílio a maior parte deles havia adotado a língua aramaica, e poucos
entendiam o hebraico.
b. A
primeira interpretação bíblica pública relatada nas Escrituras
Neemias
8.8
8. E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.
c. A
interpretação no período do Velho Testamento
Devido
a seu uso pela escola de interpretação judaica o método literal muitas vezes é
chamado de método judaico, uma vez que, mais tarde na história, os rabinos
judeus seguiam o método literal de interpretação.
Exemplo:
a forma como as promessas a Abraão eram interpretadas
Gênesis
12.1,2
1. ORA, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua
terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
2. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu
nome; e tu serás uma bênção.
d.
A interpretação bíblia nos dias de
Cristo
Da
mesma forma durante o período do ministério de Jesus a interpretação literal
das Escrituras era a regra seguida por Jesus e pelos doutores da lei.
No
encontro entre Jesus e o doutro da lei em Lucas 10 Jesus simplesmente pediu que
ele relatasse como entendia aquilo que ele lia.
Lucas
10.25,26
25. E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo:
Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
26. E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
e.
A interpretação nos dias dos
apóstolos
Todos
os escritores do Novo Testamento parecem seguir a mesma linha literal de
interpretação do Velho Testamento, tendo os princípios utilizados por Jesus
como guia.
Em
momento algum foi necessário que um dos apóstolos adotasse qualquer outra forma
de interpretação bíblica.
Os
discípulos interpretavam literalmente aquilo que o Velho Testamento ensinava, e
isso fica demonstrado na última pergunta feita por eles a Jesus
Atos
1.6
6. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo:
Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
APLICAÇÃO: desta forma reconhecemos que o método literal de
interpretação foi usado pelos escritores do Novo Testamento, pelos apóstolos e
intérpretes das Escrituras.
II)
A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO APÓS O
NASCIMENTO DA IGREJA
Após
a morte dos apóstolos os chamados pais da igreja podem ser divididos em três
escolas de interpretação: literal e realista, alegórica e histórico
gramatical.
Isso
significa que é possível consultar escritos do século 3 em que um mesmo texto
receberá uma interpretação diferente, de acordo com a escola de interpretação
do autor.
a.
A influência da sabedoria grega na
interpretação das Escrituras
Os
chamados sábios gregos (Pitágoras, Heráclito, Sócrates, Platão, Aristóteles)
viveram entre 500 e 300 anos antes de Cristo.
Entre
estes, Aristóbulo possuía duas teses:
ü a primeira de que a filosofia grega era baseada nos ensinos do Velho Testamento e em especial da lei de Moisés
ü a
segunda dizia que os principais dogmas da filosofia grega podiam ser
encontrados nos escritos de Moisés e dos profetas.
Através
destas teses se pretendia que a religião judaica fosse aceita no mundo grego.
Para
que isso fosse feito foi necessária uma harmonização entre eles, o que foi
conseguido através da adoção do método alegórico de interpretação das
Escrituras.
Em
Alexandria havia a maior escola de exegese cristã no mundo antigo. Nesta escola
o filósofo Orígenes desenvolveu o método alegórico, atribuindo as Escrituras um
tríplice sentido:
ü O
sentido histórico, fornecido pelas palavras, que serviam apenas como um véu
para uma verdade superior.
ü O
sentido moral ou psíquico, que dava vida ao primeiro e servia de edificação
geral.
ü O sentido pneumático ou místico, para os que se encontravam em um estado de maior desenvolvimento espiritual.
b.
A influência do romanismo na
interpretação das Escrituras
Quando
igreja e estado se tornaram um só, a inquestionável autoridade da igreja romana
forneceu o grande ímpeto a fim de que a interpretação alegórica se
fortalecesse.
Já
não era o que a Bíblia ensinava, mas sim o que a igreja ensinava, de forma que
textos que eram contrários aquilo que a igreja fazia recebiam uma interpretação
alegórica a fim de concordar com os dogmas da igreja.
É
a respeito deste período que o Senhor Jesus fala ao citar a igreja em Pérgamo:
Apocalipse
2.14,15
14. Mas algumas poucas
coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o
qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que
comessem dos sacrifícios da idolatria, e fornicassem.
15. Assim tens também os
que retém a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.
Exemplo: a túnica inconsútil de Cristo.
c.
A reforma protestante e o retorno a
interpretação literal das Escrituras
A
grande chama que ardeu nos dias da reforma foi o desejo de entender a Bíblia
literalmente, tendo por base a interpretação histórico-gramatical das
Escrituras, o que significava, conforme Lutero:
ü O
caráter indispensável do conhecimento gramatical
ü A
importância de elevar em conta os tempos, circunstâncias e condições em que
viviam o autor e recipientes da carta.
ü A observação do contexto
ü A
necessidade de fé e iluminação espiritual
ü No
caráter cristocêntrico das Escrituras
Em
suma o que os reformadores ensinavam é:
1 Coríntios 2.13
13. As quais também falamos, não com palavras
que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando
as coisas espirituais com as espirituais.
Infelizmente,
o método de interpretação literal sempre sofreu o enfrentamento de credos
estranhos as Escrituras, que houve pouco progresso após o período da reforma.
Deste tempo em diante alguns focos de fidelidade a interpretação literal das
Escrituras permaneceram firmes em seu propósito.
CONCLUSÃO
Reconhecemos
então que o método literal de interpretação das Escrituras foi usado pelo
Senhor, por seus apóstolos e profetas, e deve ser reconhecido como um método
sadio de entendimento das Escrituras em qualquer tempo.
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