Lições de Escatologia #3 - Bases da Interpretação


TEMA          

ESCATOLOGIA

MANUAL DE ESCATOLOGIA (J. DWIGHT PENTECOST)

CAPÍTULO #03

AS BASES DA INTERPRETAÇÃO LITERAL

INTRODUÇÃO

Na lição anterior observamos como a interpretação bíblica sofreu severos ataques no decorrer do tempo.

Logo após o período apostólico diversas heresias começaram a surgir em meio a igreja, atacando a doutrina da trindade, da divindade de Jesus, da igreja, do batismo, etc.

Neste período (séculos 3 e 4) duas escolas de interpretação se destacaram:

Ø  Escola de Alexandria (Egito)

Nesta cidade havia uma das maiores bibliotecas do mundo, assim como uma grande colônia judaica. Ali também foi um centro importante do cristianismo após o primeiro século.

Ali surgiu a escola de interpretação baseada no princípio estabelecido pelo filósofo grego Heráclito séculos antes, de que certas obras somente poderiam ser entendidas se interpretadas de maneira figurada.

Assim a suposta verdade por detrás do texto era mais importante do que o que o próprio texto narrava.

Desta forma a comunidade cristã ali presente nos séculos 2 e 3 passou a aplicra o mesmo princípio quanto a interpretação das Escrituras.

Ø  Escola de Antioquia (Síria)

Esta escola de interpretação adotava princípios de interpretação literal:

O sentido principal é o sentido literal do texto

Há apenas um significado no texto, e este significado é aquele que o autor foi dirigido pelo Espírito Santo a lhe conceder.

Admitiam o uso de metáforas e outras figuras de linguajem nas Escrituras

Eram literais, não literalistas

Exemplo; “Disse-lhes Jesus: Eu sou a porta”

Da interpretação literal usada por Esdras e posteriormente por Jesus e seus discípulos, a adoção da interpretação alegórica a fim de fortalecer os dogmas da igreja, passando pela retomada do método literal na reforma e sua atual condição.

Na lição de hoje veremos as considerações gerais a respeito da interpretação literal das Escrituras.

I)                  A INTERPRETAÇÃO DAS PALAVRAS

As palavras são a forma pela qual transmitimos nossos pensamentos.

Ao transmitir sua mensagem a nós seres humanos, Deus utilizou-se das palavras a fim de revelar sua verdade.

Há princípios que devemos reconhecer na interpretação das palavras utilizadas nas Escrituras:

ü  Devemos verificar sempre a noção vinculada a cada palavra, agora ou nos tempos antigos.

ü  O sentido de uma palavra usada nas Escrituras deve ser mantido, há não ser que haja algum motivo para que seja buscado outro significado.

ü  Quando uma palavra tem vários significados de uso comum, devemos utilizar aquele que mais se adequa a passagem bíblica onde a encontramos, de forma que seja coerente com o caráter e condições do autor bíblico.

ü  O significado mais simples de uma palavra é provavelmente o sentido ou significado que esta palavra possui nas Escrituras.

Portanto, as palavras que encontramos nas Escrituras devem ser entendidas em seu sentido usual, natural e literal.

II)               A INTERPRETAÇÃO DO CONTEXTO

Há regras que devem nos guiar a interpretação do contexto das passagens bíblicas:

ü  Devemos sempre observar os textos que vem antes e depois da passagem que estamos estudando.

ü  Devemos também reconhecer que o contexto de uma passagem pode incluir desde poucos versículos a diversos capítulos de um livro.

ü  Por vezes um livro inteiro das Escrituras trata de um só tema.

ü  Nenhuma interpretação deve ser admitida, a não ser que seja apoiada pelo contexto.

III)            A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA

A interpretação histórica observa o contexto histórico imediato e sua influência sobre os personagens e acontecimentos narrados nas Escrituras.

ü  Entender que as Escrituras foi originada em meio a um processo histórico e deve ser entendida a luz da história.

A Bíblia contém elementos que transcendem os limites da história humana, porém seu conteúdo é uma grande extensão determinada historicamente.

ü  É impossível entender e interpretar um autor bíblico sem que tais coisas sejam analisadas a luz da história.

Cada ser humano é afetado pelo povo, terra e tempo em que viveu.

ü  O lugar, tempo e as circunstâncias de vida do autor bíblico podem ser percebidos em seus escritos.

Os aspectos da vida de um autor serão revelados em meio a seus escritos.

Por esta razão, ao interpretarmos a Bíblia devemos nos preocupar em:

ü  Procurar conhecer o autor que desejamos interpretar, seu parentesco, caráter, temperamento, características morais, intelectuais, religiosas, bem como as circunstâncias externas de sua vida.

ü  Reconstruir as circunstâncias em que os escritos se originaram, tendo por base os dados históricos disponíveis.

ü  Determinar as influências que moldaram o caráter dos escritos, idade do autor, as circunstâncias especiais que o cercaram.

ü  Transportar-se mentalmente ao período e cultura em que o texto foi escrito.

IV)             A INTERPRETAÇÃO DA LINGUAGEM FIGURADA

Um dos maiores desafios ao interpretarmos as Escrituras encontra-se no uso de linguajem figurada, principalmente nos textos proféticos.

ü  A linguagem figurada é usada tanto para embelezar um texto quanto para transmitir ideias abstratas por meio de transferência.

É necessário que fatos ligados a vida espiritual sejam explicados por meio de linguagem emprestadas de cosias materiais.

ü  Como reconhecer se a linguagem é figurada ou literal

Se o significado literal de uma palavra ou expressão faz sentido em suas associações, é literal; mas, se o significado literal não faz sentido, é figurada.

A linguagem é figurada quando aquilo que se diz, levado ao pé da letra, muda a natureza essencial do assunto que está sendo tratado.

A linguagem é figurada quando a aplicação literal contiver algo moralmente impróprio ou absurdo.

Se tivermos dúvidas quanto a aplicação da linguagem, devemos buscar outros textos que tratem do mesmo assunto.

ü  A interpretação da linguagem figurada

A linguagem figurada se destina a oferecer alguma verdade literal, que pode ser transmitido por meio de metáforas do que de outra maneira.


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