Sermão "BATENDO NA CANGALHA - O NÃO CONGREGAR"
TEMA
BATENDO NA
CANGALHA
TÍTULO
O NÃO
CONGREGAR
TEXTO
Hebreus
10.25
25. Não deixando nossa mútua congregação, como é costume de
alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se
vai aproximando aquele dia.
INTRODUÇÃO
A
expressão “bater na cangalha” vem do hábito dos antigos tropeiros em
corrigir a direção dos animais de carga batendo com uma vara longa na cangalha
colocada sobre suas costas. Toda vez que o animal se desviava do caminho o
tropeiro batia com a vara na cangalha a fim de alerta-lo e dirigi-lo no caminho
certo.
Da
mesma forma o ensino bíblico possui a incumbência de alertar ao filho de Deus
quanto aos desvios que potencialmente podem arruinar sua vida.
A
pretensão desta série de sermões é relembrar aos salvos do perigo de se
desviarem por caminhos que lhe trarão grande pesar e dificuldades em sua vida
cristã.
CONTEXTO
1. A epístola aos hebreus foi escrita a fim de exortar a judeus que
haviam se convertido ao cristianismo que não cedessem as pressões a fim de retornassem
ao judaísmo
Quando
um judeu se convertia ao cristianismo ele passava a receber um tratamento
severo por parte de sua família e comunidade.
ü O exemplo de Estevão
Atos
6.11,15
11. Então subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir
palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
12. E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo contra ele,
o arrebataram e o levaram ao conselho.
13. E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de
proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei;
A morte de Estevão
também foi um aviso e um exemplo por parte dos judeus do que poderia acontecer
a algum deles que se convertesse ao cristianismo.
ü O exemplo de Paulo
2
Coríntios 11.24
24. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos
um.
ü O exemplo dos próprios hebreus
Hebreus
10.23,24
33. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, e em
parte fostes participantes com os que assim foram tratados.
34. Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria
recebestes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus
uma possessão melhor e permanente.
2. O objetivo do autor desta epístola é demonstrar aquelas pessoas
que a pessoa e obra de Jesus Cristo eram infinitamente superiores aquilo que
eles encontravam no judaísmo
Hebreus
1.4 Jesus é superior aos anjos
Hebreus
3.3 Jesus é superior a Moisés
Hebreus
4.14 o sacerdócio de Jesus é superior aos
sumos sacerdotes judaicos
Hebreus
8.6 as promessas e a aliança de Jesus
são superior
Hebreus
9.14 o sacrifício de Jesus é superior aos
sacrifícios da lei
O
argumento é que deixar o cristianismo a fim de voltar ao judaísmo era voltar a
um lugar onde eles não encontrariam nada de novo ou suficiente, e onde Deus não
possuía promessa alguma.
3. O autor da epístola aos hebreus deixa claro a estas pessoas que
nada encontrariam de Deus nas velhas práticas da lei mosaica.
Hebreus
6.4 a 6
4. Porque é impossível que os que já uma
vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes
do Espírito Santo,
5. E provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do século futuro,
6. E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim,
quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.
TRANSIÇÃO
O
autor da epístola utilizou do capítulo 1 ao capítulo 10.18 a fim de convencer
seus leitores desta verdade.
A
partir do capítulo 10.19 ele passa a exortar seus leitores a fim de
permanecessem firmes em Cristo.
A
razão disto é que, devido as dificuldades, muitos deles estavam deixando de
congregar com os demais salvos, e isso não era bom.
Por
isso o autor utilizará figuras do VT e a própria condição daqueles crentes a
fim de exorta-los a não deixar de congregar com os demais salvos.
I)
HAVIA ALGO QUE ERA
LIMITADISSIMO NO VELHO TESTAMENTO, MAS QUE AGORA ERA LIVREMENTE FACULTADO A
ELES EM CRISTO
Na
realidade espiritual do Velho Testamento a era vigente era que o povo de Deus a
deveria manter distância.
a.
Na velha aliança havia um limite a
comunhão com Deus
Hebreus
9.1 a 9
1. ORA, também a primeira
tinha ordenanças de culto divino, e um santuário
terrestre.
2. Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o
candelabro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário.
3. Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que se chama o santo dos
santos,
4. Que tinha o incensário de ouro, e a arca da aliança, coberta de ouro
toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de
Arão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança;
5. E sobre a arca os querubins da glória, que faziam
sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.
6. Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os
sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços;
7. Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue,
que oferecia por si mesmo e pelos pecados por ignorância do povo;
8. Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário
não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,
9. Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e
sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o
serviço;
b.
Em Cristo há plena liberdade de
acesso a Deus
Hebreus 10.19 a 21
19. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de
Jesus,
20. Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua
carne,
21. E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
O autor aos hebreus
nos lembra:
Que o temor por
entrar na casa de Deus não existe mais, uma entrada franca nos é concedida “pelo sangue de Jesus”.
Que Jesus nos abriu
este caminho a Deus por meio de seu sacrifício na cruz, nos santificando para
Deus. Há um caminho “novo”, isto é,
recém-inaugurado; este caminho é “vivo”,
uma vez que Jesus morreu, mas ressuscitou e está a destra de Deus.
Que Jesus é nosso
poderoso sumo sacerdote, é ele que nos garante um constante “bem-vindos” a presença
do Pai.
APLICAÇÃO
Se antes havia medo
do ser humano se aproximar de Deus, agora há confiança plena em Cristo.
II)
HAVIA ALGO QUE LHES
CAUSAVA IMENSO TEMOR NO VELHO TESTAMENTO, MAS QUE AGORA ERA PLENAMENTE POSSÍVEL
A ELES EM CRISTO
a.
Na velha aliança era temerário alguém
se aproximar de Deus
A
presença de Deus entre os homens era temerária
50
mil homens mal-intencionados morreram ao olhar para dentro da arca
1
Samuel 6.19
19. E o Senhor feriu
os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor; feriu do povo cinquenta mil e
setenta homens; então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande estrago
entre o povo.
Uzá,
um homem bem-intencionado, morreu ao impedir que a arca caísse
2
Samuel 6.6,7
6. E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca
de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender.
7. Então a ira do Senhor se
acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto
à arca de Deus.
b.
Em Cristo os salvos são chamados a se
achegarem a Deus
O autor da epístola aos hebreus faz um convite aos salvos em Cristo
22. Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os
corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,
Se
antes havia o impedimento, agora há um convite a todos.
Isto
se baseia no resultado da morte de Cristo em nosso favor
“... com verdadeiro coração”, com coração
sincero, sem engano e sem hipocrisia
“... em inteira certeza de fé”, com a plena certeza que Deus nos ouve e nos acolhe
Podemos nos achegar a Deus por dois motivos:
“... tendo os corações purificados da
má consciência”, uma consciência pesada é um empecilho a
nos achegarmos a Deus, mas Cristo limpou nossa consciência da culpa do pecado.
“... e o corpo lavado com água limpa”, não um ritual de limpeza exterior, mas a purificação de nossos pecados
em Cristo.
APLICAÇÃO
Não deve haver temor de parte dos salvos em se aproximar de Deus, mas
confiança na suficiência da obra de Cristo em favor deles.
III)
ELES POSSUIAM UMA PROMESSA
INQUEBRÁVEL DA PARTE DE DEUS
Os salvos possuem a esperança da vida eterna, prometida por seu Salvador.
23. Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que
prometeu.
a. A
esperança do salvo não pode ser destruída
Devemos
diferenciar a forma como a Bíblia usa a palavra esperança.
Neste
mundo esperança é algo que as pessoas esperam que venha a acontecer, sem ter a
certeza de que realmente acontecerá.
Na
Bíblia esperança é a forma como aguardamos que as promessas de Deus se cumpram,
o que se dará no tempo de Deus.
b. O
valor da promessa está em quem a fez
“... porque fiel é o que
prometeu”
A
confiança dos salvos está baseada no caráter de quem a prometeu, o Deus
imutável.
APLICAÇÃO
O
autor da epístola aos hebreus chama aqueles salvos a permanecerem com seus
olhos fixos nas promessas de Deus, reconhecendo seu valor eterno, e não as
trocando pelas coisas deste mundo.
IV)
HAVIA UMA URGENTE
NECESSIDADE DE PARTE DE TODOS ELES, E QUE NÃO PODERIA SER SUPRIDA SENÃO PELA
REUNIÃO DOS SANTOS
Os cristãos hebreus estavam debaixo do risco de desanimarem em sua fé
diante das perseguições que enfrentavam.
O desencorajamento era um perigo real entre eles.
É reconhecível que nem todos são capazes de permanecer firmes diante da
perseguição.
Por isso o autor aos hebreus os chama a duas ações específicas: praticar
boas obras e amar os irmãos
24. E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras,
a.
Havia cristãos destemidos entre eles
Hebreus 10.34
34. Porque também vos
compadecestes das minhas prisões, e com alegria recebestes o roubo dos vossos
bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor e
permanente.
Havia entre eles cristãos que não desanimaram com as perseguições
levantadas contra eles.
Eram pessoas que demonstravam sua fé por meio da coragem e do
destemor diante de seus opressores.
b.
Havia cristãos que necessitavam de encorajamento
Isso fica evidente nas palavras do autor da epístola:
“E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras”
Devemos
ter interesse pelo bem-estar de nossos irmãos em Cristo, pelo desenvolvimento e
encorajamento de cada um.
Devemos
provocar a ação amorosa em cada um através de nosso exemplo e através de nossas
palavras.
APLICAÇÃO
Jamais
pensemos que nossos irmãos em Cristo não necessitam de estímulo a fim de seguir
fielmente a Cristo.
Caminhamos
melhor quando caminhamos juntos.
V)
QUALQUER
QUE SEJA A RAZÃO, NÃO HÁ NADA QUE JUSTIFIQUE UM SALVO DEIXAR DE CONGREGAR COM
SEUS IRMÃOS EM CRISTO
25. Não deixando nossa mútua
congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e
tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.
A expressão “congregar” significa reunir-se como
igreja juntamente com seus irmãos em Cristo.
A igreja primitiva não perdia a oportunidade de seu
congregar nos mais diferentes lugares onde encontravam espaço.
Naquele tempo tantos os judeus como os pagãos tinham
o privilégio de construir templos religiosos para ali desenvolverem suas
práticas, porém os cristãos não possuíam esse privilégio concedido pelo império
romano.
Reunidos eles celebravam a ceia, oravam uns pelos
outros, realizavam o batismo.
Porém,
devido ao crescente perigo representado pela perseguição, muitos cristãos
estavam abandonando as reuniões da igreja por medo do que lhes poderia
acontecer.
Por
esta razão o autor da epístola aos hebreus lhes faz duas advertências:
a.
Eles deveriam abandonar o costume de
deixar de congregar com seus irmãos
O autor lhes diz “Não deixando nossa
mútua congregação, como é costume de alguns”.
Ele
deseja que eles abandonem este hábito que haviam adquirido.
b.
Eles deveriam encorajar uns aos
outros a congregarem
“antes admoestando-nos uns aos outros”
É
responsabilidade dos cristãos chamarem a atenção uns dos outros a fim de que
não deixem de congregar.
A
razão para esta admoestação é clara “e tanto mais, quanto vedes que se
vai aproximando aquele dia”,
ou seja, a volta do Senhor Jesus está próxima, e devemos estar atentos.
CONCLUSÃO
Devemos
estar atentos a algumas questões importantes quanto a congregarmos:
1.
Congregar em sua igreja é um hábito,
assim como deixar de congregar também é um hábito.
O
que são hábitos? São ações que tomamos com tanta frequência que passamos a cumpri-las
instintivamente.
É
isto quer nos transmitir ao dizer “Não deixando nossa mútua congregação,
como é costume de alguns”.
2.
O questionamento quanto a
congregarmos em templos
Sempre haverá aqueles que questionam o propósito do povo de Deus
reunir-se em um templo construído especificamente para este fim.
Muitos questionam a reunião em templos usando o fato que a igreja
primitiva não se reunia em templos. Isto é verdade, a igreja primitiva era
proibida pelo império romano de construir templos, o que somente foi permitido
no quarto século, quando o imperador Constantino incorporou a igreja ao
império.
Porque nos reunimos neste templo? Porque aqui é o único lugar em
que cabe à igreja toda.
Não há como reunir a igreja em uma casa.
Os templos são um testemunho físico de nossa fé e disposição de
servir a Jesus Cristo.
Mateus
18.20
20. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou
eu no meio deles.
3.
A questão da transmissão
dos cultos
No período de
exceção em meio a pandemia a transmissão dos cultos foi a alternativa que
encontramos a fim de nos conectarmos.
Possivelmente
alguns prefiram assistir os cultos de suas casas do que vir a igreja e
congregar com seus irmãos.
Cabe aqui uma
diferenciação destas duas questões.
A tendência é
que, no conforto da casa, os crentes apenas assistam os cultos.
Quando nos
reunimos na igreja, o fazemos para prestar culto, o que nos envolve de forma
muito mais profunda.
Jamais
devemos vir a igreja assistir o culto, de forma passiva e descompromissada.
Nos congregamos
a fim de prestar culto ao nosso Deus, o que é muito mais sério e exigente.
4.
O papel primordial da congregação na vida cristã
Há coisas que
somente podemos fazer quando congregamos, e isto é deixado claro pelo autor da
epístola aos hebreus “Não deixando nossa
mútua congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos
outros”.
Possivelmente
a principal razão pela qual crentes deixam de congregar com seus irmãos é que
assim não poderão ser admoestados a respeito de questões presentes em sua vida
e que requerem urgente mudança.
A reunião da
congregação permite que exercemos nossos dons em favor uns dos outros, o que
devemos nos esforçar em faze-lo.
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