Sermão 18\04\2021 Manhã "TIRE OS OLHOS DE SI MESMO, Salmo 77"


 TEMA

VIDA CRISTÃ; PROBLEMAS

TÍTULO

TIRE OS OLHOS DE SI MESMO

TEXTO

Salmo 77

INTRODUÇÃO

ü  UMA VISÃO SOBRE OS SALMOS

 

1.      A importância do livro dos Salmos reside principalmente em sua forma narrativa das experiências vividas por pessoas como nós.

Encontramos no Novo Testamento o mesmo ensino que encontramos nos Salmos, porém de uma forma mais didática, enquanto que nos salmos este ensino nos é repassado em um nível prático.

Isso é especialmente importante quando nos encontramos enfraquecidos, seja física, mental ou espiritualmente.

2.      Os Salmos tratam com absoluta honestidade a respeito das fraquezas que seus autores humanos vivenciavam

Seja Davi, seja Asafe, seja o enfermo em estado terminal do Salmo 88, a descrição das experiências destes homens é absolutamente honesta.

Isto os coloca em nosso nível, seja em seus problemas, seja pela verdade que os restaurou.

3.      A importância da forma como nos utilizamos dos Salmos

Há leitores bíblicos que usam dos salmos como pílulas tranquilizantes, ressaltando um suposto efeito psicológico de sus versos.

Outros ressaltam a beleza poética de suas estrofes.

Devemos reconhecer que estas coisas são realmente verdade.

Porém devemos ler os salmos cientes que se tratam de experiências reais, vividas por pessoas reais, em um mundo real.

É por isso que os salmos são tão importantes para os salvos em Cristo.

ü  UMA VISÃO ESPECÍFICA SOBRE O SALMO 77

O Salmo 77 é classificado como um salmo de lamentação, onde o salmista clama a Deus por auxílio diante de alguma dificuldade.

Não nos é revelada a causa das dificuldades enfrentadas por Asafe nesta ocasião. Alguma situação muito difícil havia ocorrido para causar a ele tanta tristeza.

Porém, é importante que salientemos alguns pontos:

1.      Os problemas de Asafe não decorrem de pecados encobertos nem de atos de irresponsabilidade.

Recorrem unicamente de uma mente que teima em voltar-se para dentro si mesma buscando respostas que ali jamais serão encontradas.

Isso acontece com pessoas que amam a Deus, que servem a Deus, que adoram a Deus e que mesmo assim caem neste terrível armadilha.

ü   A grande lição aprendida por Asafe

1. CLAMEI a Deus com a minha voz, a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos.

Asafe inicia este salmo relatando o fim de sua experiência.

Deus esteve sempre pronto a ouvi-lo, mas ele precisou aprender isto por meio de uma amarga experiência, relatada neste salmo.

I)                  A DOLOROSA EXPERIÊNCIA DE ASAFE

Encontramos nos versos 2 a 10 deste salmo nada menos do que dez vezes o uso de pronomes pessoas por parte de Asafe, enquanto que por cinco vezes Asafe se refere a Deus.

O que Asafe fez foi simplesmente voltar-se para dentro de si mesmo em busca de respostas.

Reconhecemos esta atitude como introspecção, ou seja, o ato de buscar saber o que se passa no mais íntimo de si próprio.

a.      A INÚTIL INSTROSPECÇÃO DE ASAFE

2. No dia da minha angústia busquei ao Senhor; a minha mão se estendeu de noite, e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.

Ø  No dia da minha angústia busquei ao Senhor;

Não nos é revelada a razão do sofrimento do salmista, mas sua primeira ação em meio as dificuldades foi buscar a Deus.

Ø  a minha mão se estendeu de noite, e não cessava;

Asafe buscou a Deus em oração a noite inteira, ininterruptamente

Ø  a minha alma recusava ser consolada.

Talvez amigos tenham se achegado a Asafe a fim de consola-lo, mas aparentemente nada podia estancar sua dor.

A carga de tristeza sobre Asafe era pesada, e ele não encontrava meios de vence-la.

3. Lembrava-me de Deus, e me perturbei; queixava-me, e o meu espírito desfalecia.

Ø  Lembrava-me de Deus, e me perturbei;

Asafe procurava manter seus pensamentos em Deus, mas sua mente não conseguia discernir a verdade de Deus em meio a dor que ele sentia

Ø  queixava-me, e o meu espírito desfalecia.

Asafe se encontra na situação em que sua mente procura uma resposta satisfatória, um “Por que?”

Sua fé passa a desfalecer diante de sua realidade de dor e sofrimento.

Ao invés de certezas, há apenas dúvidas.

ü  Asafe atribui sua insônia ao Senhor

4. Sustentaste os meus olhos acordados; estou tão perturbado que não posso falar.

Ø  Sustentaste os meus olhos acordados;

Asafe é atacado pela insônia.

Ø  estou tão perturbado que não posso falar.

Seu estado de agitação mental e emocional paralisaram suas cordas vocais.

5. Considerava os dias da antiguidade, os anos dos tempos antigos.

Ø  Considerava os dias da antiguidade, os anos dos tempos antigos.

Uma forma de amenizar seu sofrimento presente era recordar de dias melhores.

Possivelmente ele pensava no passado procurando alguma razão que justificasse a situação presente.

6. De noite chamei à lembrança o meu cântico; meditei em meu coração, e o meu espírito esquadrinhou.

Ø  De noite chamei à lembrança o meu cântico

Asafe questiona seu próprio íntimo.

Ele busca por uma resposta interior, já que exteriormente ele não obtinha resposta alguma

Ø  meditei em meu coração, e o meu espírito esquadrinhou.

Asafe sondava sua alma em busca de uma resposta

b.      O INÚTIL QUESTIONAMENTO DE ASAFE

É inevitável que, diante da consulta interior do salmista, o resultado de suas inquirições fosse incerto, levando-o a conclusões equivocadas.

7. Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável?

Ø  Rejeitará o Senhor para sempre

A primeira conclusão do salmista era a de que Deus o havia abandonado.

Ø  não tornará a ser favorável?

A segunda inquirição tem a mesma resposta, Asafe pensa que deixou de ser aceitável a Deus

8. Cessou para sempre a sua benignidade?

Ø  Cessou para sempre a sua benignidade?

Deus havia cessado de manifestar seu favor?

Literalmente, Deus havia deixado de ser bondoso.

Ø  Acabou-se  a promessa de geração em geração?

Na visão de Asafe Deus não estaria mais disposto a cuidar de seus filhos e a sustenta-los em meio as suas tribulações.

Deus havia deixado de ser fiel a suas promessas.

9. Esqueceu-se Deus de ter misericórdia?

Ø  Esqueceu-se Deus de ter misericórdia?

A misericórdia é o atributo de Deus que atende os homens em sua miséria.

Para Asafe. Deus agora se tornara indiferente para com as dores e o sofrimento do salmista

Ø  Ou encerrou ele as suas misericórdias na sua ira?

A metáfora é de uma fonte que havia secado, deixando as pessoas que dependiam dela em desamparo.

10. E eu disse: Isto é enfermidade minha; mas eu me lembrarei dos anos da destra do Altíssimo.

Ø  E eu disse: Isto é enfermidade minha; 

Asafe conclui que todos estes pensamentos absurdos são reais e verdadeiros. Esta é a verdadeira razão de suas dores.

Ø  mas eu me lembrarei dos anos da destra do Altíssimo.

Asafe conclui que a responsabilidade pelo mal que ele vivencia é que Deus havia mudado seu modo de agir.

APLICAÇÃO

A experiência narrada por Asafe ao procurar respostas a suas tribulações dentro dele mesmo o levou a uma série de respostas erradas e danosas para si mesmo:

1.      Sua inquirição interna acabou por distorcer a verdade a respeito de quem é Deus, fazendo com que Deus se pareça mais com um homem do que com Deus, um ser cheio de caprichos e vaidades.

2.      A auto inquirição de Asafe abriu as portas para que a noção maligna de que Deus não deseja seu bem fosse aceita, ou seja, Deus não é tão bom como parece ser.

3.      O grande mal da inquirição interna de Asafe é que ele acabou por agir como um juiz, determinando o bem e o mal, e tentando ocupar um lugar que cabe somente a Deus.

 

II)               O RETORNO DE ASAFE A SOBRIEDADE

A segunda parte deste salmo apresenta uma mudança radical.

Se em sua primeira porção Asafe usa dez vez os pronomes pessoais e apenas cinco vezes se refere a Deus, agora a situação se inverte.

Nesta segunda parte são quase duas dezenas de menções a Deus, enquanto em apenas dois momentos Asafe se refere a si mesmo.

11. Eu me lembrarei das obras do Senhor; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.

“me lembrarei”, Asafe passa a recordar dos feitos do Senhor.

Esses feitos não eram coisas subjetivas, mas ações reais que não podiam ser mudadas nem apagadas.

Asafe começa a trazer a sua memória aquilo que pode lhe dar esperança.

12. Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.

“meditarei”, Asafe agora vai, além, ele não apenas lembra do que Deus já havia feito, mas ele considera estes feitos.

Ele rebusca a alma a procura de evidências da ação de Deus.

13. O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?

“o teu caminho...está no santuário”, ou seja, a fim de reconhecer as ações de Deus era necessário observar o lugar onde sua presença se manifesta.

Asafe se recorda do lugar onde a pessoa de Deus é anunciada e sua verdade ensinada.

14. Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.

“maravilhas”, todos os atos de Deus são maravilhosos e notórios.

Asafe se recorda que não há limites as manifestações do poder de Deus.

15. Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José.

“remiste o teu povo”, a memória de Asafe se recorda do livramento da escravidão no Egito e da forma miraculosa como deus libertou seu povo.

16. As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.

“ás águas”, Asafe se recorda de como Deus livrou Israel abrindo as águas do Mar Vermelho.

Asafe não foi testemunha deste acontecimento, mas ele cria no relato das Escrituras.

17. As nuvens lançaram água, os céus deram um som; as tuas flechas correram de uma para outra parte.

18. A voz do teu trovão estava no céu; os relâmpagos iluminaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.

A Bíblia não registra tais fatos, mas escritores orientais descrevem que no acontecimento da passagem por entre o mar e a derrota dos egípcios tais fatos se sucederam.

19. O teu caminho é no mar, e as tuas veredas nas águas grandes, e os teus passos não são conhecidos.

“O teu caminho é no mar”, os caminhos de Deus passam por onde os homens naturalmente não podem avançar.

Asafe entende que esta grandiosa obra de Deus não deixou vestígios visíveis.

20. Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão.

Os israelitas passaram em meio ao mar vermelho com calma e tranquilidade, conduzidos como um calmo rebanho.

APLICAÇÃO

Ao tirar os olhos de si mesmo e coloca-los na revelação de Deus, Asafe achou muito mais que respostas a suas dúvidas, ele encontrou certezas que conduzem seu caminho.

1.      Não há melhor lugar para encontrar respostas do que na casa de Deus. Pensar que encontraremos o caminho longe de sua casa é um engano.

2.      Asafe buscava por evidências de Deus, enquanto Deus lhe oferecia a si mesmo como a maior das evidências.

3.      O homem de Deus anda por fé e não por vista.

Para nós salvos em Cristo qual a maior evidência apresentada pelo próprio Deus a fim de que saibamos o caminho a seguir?

Hebreus 12.1 a 3

1. PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,

2. Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.

3. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos.

CONCLUSÃO

O que fazer a fim de livrar-se desta armadilha

Olhar para si mesmo traz aflição

Olhar para os outros traz desânimo

Olhar para Cristo fortalece o coração

Onde termina este salmo? Exatamente no verso que lhe dá início

1. CLAMEI a Deus com a minha voz, a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos.

 

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