BBN Internacional Sermão transmitido no Programa Conferência Bíblica em 04\08\2020
TEMA
ANÁLISE DA CARTA DE TIAGO
TÍTULO
A SABEDORIA MUNDANA E A SABEDORIA
CELESTIAL
TEXTO
Tiago 3:13 a 18
PROPOSIÇÃO:
a sabedoria mundana sempre quer levar vantagem, a sabedoria celestial pensa no
outro.
O que é choque cultural: acontece
quando enfrentamos estilos de vida, língua, roupa, moeda, religião, valores,
perspectivas, totalmente diferentes dos nossos.
Quando enfrentamos choque
cultural: mudança para uma outra cidade, escola ou emprego, onde tudo é
diferente: horários, serviços, o “jeitão” de fazer as coisas, ou quando mudamos
de igreja. Às vezes
enfrentamos choque cultural quando casamos. Os costumes, as tradições familiares,
as maneiras de celebrar aniversários, feriados, são todos diferentes.
Como as pessoas reagem ao
choque cultural?
Quando falamos do cristão em
relação à cultura do mundo, Jesus disse que teríamos que “estar NO mundo,
sem ser DO mundo.”
Paulo falou para não sermos “conformados
com esse mundo, mas transformados pela renovação da nossa mente”.
João disse, “Não ameis o
mundo, nem as
coisas que estão no mundo”
Pedro nos lembra de que tudo
que vemos no mundo, há de derreter e ser reduzido a nada. O autor de Hebreus nos chama de “peregrinos” em busca de uma cidade celeste.
Todos esses autores bíblicos identificam: uma guerra entre culturas, um choque cultural entre o mundo em
que vivemos e o céu de onde vem nossa cidadania.
O livro de Tiago vai ainda mais
longe. Ele não deixa
dúvidas sobre os traços que identificam um cidadão do mundo e um cidadão do céu.
Definição do Mundo. O
mundo define sabedoria como “esperteza”. É levar vantagem, explorar, avançar,
manipular. Subir a escada
mais rápido que o outro. Enganar
antes de ser enganado. Matar
antes de ser morto.
Definição Bíblica. Sabedoria
bíblica significa adquirir a perspectiva de Deus sobre tudo que acontece no
mundo. É a ética de Jesus, que é amar a Deus e ao próximo como a si
mesmo. Não é ser servido, mas servir é dar a sua vida (Mc 10:45).
I)
A FALSA SABEDORIA
a.
Suas características
“amarga inveja”
A palavra que
traduzimos por inveja é no original grego zelós de onde vem a palavra zelo, um
zelo doentio, um zelo fanático que consome e absorve aquele ou aquilo a quem
este zelo é direcionado.
Tiago fala deste
zelo e ainda usa o adjetivo amargo. Isto traz um sentido mais profundo a
este zelo (inveja), que pode ser interpretada como uma inveja arraigada ao ser
por inteiro e que penetra todos os sentidos. Ou seja, o coração humano é
envenenado por uma inveja amarga e generalizada.
“sentimento
contencioso”
O sentimento
faccioso é aquele que não se importa com a unidade, mas apenas se importa com
os interesses pessoais. Aquele que possui um espírito faccioso
normalmente quer ser melhor que os outros em tudo o que faz. Não sabe ser
humilde, não sabe ser simples, não sabe olhar para o interesse do próximo, mas
apenas os dele.
b.
Sua
origem
“é
terrena”
Pessoas de
sabedoria terrena são muito ligadas a esta terra
Suas motivações
são inferiores as motivações celestiais
“animal”
aqui a palavra no
grego é psichikos. Este adjetivo deriva da palavra que traduzimos
como alma ou psique. Está relacionada com a parte natural humana. É
a parte que nos iguala aos animais. É o oposto de todo o lado espiritual
humano. Aqui estamos falando de carnalidade, humanidade crua.
uma palavra que
denota a ausência total de qualquer coisa espiritual (boa ou ruim). Ela é
apenas relacionada ao homem e sua natureza pecaminosa.
São os nossos
instintos
“diabólica”
Tiago aqui entra
no último nível da origem da inspiração da sabedoria da terra. Aqui é o
nível mais baixo. Não basta esta sabedoria ser mundana, ser naturalmente
humana, ela também é do diabo. Ou seja, aqueles que dela se utilizam agem
de acordo com o diabo, eles agem como o diabo agiria em qualquer que fosse a
situação. Ou seja, eles pactuam com o diabo e consequentemente se rebelam
contra Deus
c.
Suas
consequências
“perturbação”
Algumas versões
traduzem esta palavra como caos, tumulto, ou desarmonia. Ou seja, aqueles
que fazem uso desta sabedoria, são causadores de problemas, pessoas que vivem
arrumando confusão.
“obra
perversa”
Além de confusão,
os que fazem uso da sabedoria da terra também são pessoas que praticam a
maldade. Pessoas que deliberadamente fazem o mal.
CONCLUSÃO:
Se em nossa vida
há muita confusão e se nos deleitamos na maldade ou somos considerados pessoas
de práticas más, sem dúvida nenhuma temos inveja e queremos ser melhor que os
outros e consequentemente fazemos uso da falsa sabedoria.
II)
A
SABEDORIA DO ALTO
A partir deste
momento, Tiago vai listar os frutos ou aquilo que deve ser demonstrado na vida daquele
que se acha sábio, a partir da sabedoria do alto. Aqui, estes sete
adjetivos devem ser característicos não apenas de indivíduos que buscam a
sabedoria do alto, mas também de comunidades que professam o nome de
Jesus.
“pura”
a pureza aqui está
relacionada com a pureza de Deus. Deus é puro e sua natureza é pura,
limpa e pureza agrada a Deus.
Salmos 73:1, diz “Verdadeiramente
bom é Deus para com Israel, para com os puros de coração.”
Mateus 5:8, diz: “Bem-aventurados os puros de
coração, porque eles verão a Deus.”
1 João 3:2,3 diz:
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que
havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes
a ele; porque assim como é, o veremos. E todo o que nele tem esta esperança,
purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.”
Portanto, quem
despreza a pureza despreza a Deus. Aquele que se diz cristão e não tem
uma atitude de pureza para com a vida, com as pessoas, este tem lutado contra a
natureza divina, pois Deus é puro.
Por isso a
sabedoria do alto é pura, pois provém de um Deus puro.
“pacífica”
Neste sentido, a
sabedoria do alto é oposta a terrena porque produz paz enquanto a terrena
produz confusão (vs16).
Paz aqui não é
ausência de guerra somente, mas Tiago faz um uso de paz, mas parecido com a
palavra hebraica Shalom. Para os judeus, shalom era algo
que abrangia o ser por completo. Trazia total satisfação para o ser e era ao
mesmo tempo uma forma de harmonia entre os homens.
A sabedoria do
alto é de paz, faz paz, trás satisfação e completude no homem que a tem.
“moderada”
A ideia aqui é de
gentileza, de suavidade, de benignidade. A sabedoria do alto não é rude,
nem áspera, mas gentil e benigna assim como Cristo é benigno e manso.
“compreensiva”
sabe quando uma
pessoa quer ouvir a outra e se deixa convencer sem a insistência de querer
sempre ter a última palavra? Assim é a sabedoria do alto, ela é
compreensiva, conciliatória, amiga. O seu interesse não é impor sua
vontade, a sua mente é aberta e ela é sensível a situação das pessoas.
Você nunca vai ver
um sábio verdadeiro querer vencer um argumento, pois ele tenta sempre
compreender o outro lado ou até mesmo aceitar o argumento do outro para não
entrar em conflito.
“cheia de misericórdia e de bons frutos”
a verdadeira
sabedoria provém de um Deus misericordioso e, portanto, faz daquele que a
possui uma pessoa cheia de misericórdia. A palavra grega aqui também pode
ser traduzida como compaixão. Ou seja, a sabedoria verdadeira traz
compaixão por aqueles que sofrem, aqueles que Tiago menciona no cap. 2:15 (se
um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada
dia).
Essa compaixão é
forte o suficiente para movê-lo a ações práticas produzindo bons frutos.
Aqui entra um
aviso àqueles que não são e/ou não querem ser misericordiosos. Tiago
2:12, 13 “Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade;
porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso.”
Aquele que não for
misericordioso para com o próximo irá ser julgado sem misericórdia. Aqui
entra a lei “na medida em que julgardes serás julgado”, ou seja, se não fores
misericordiosos não recebereis misericórdia.
Quando oramos a
oração do Pai Nosso dizemos: “Pai, perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos
a quem nos tem ofendido”
Contudo, no
versículo 14 e 15 do cap. 6 de Mateus diz: “Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se,
porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.”
Ou seja, haverá
ocasiões em que Deus agirá conosco na mesma medida em que agimos contra nosso
próximo.
Mas a verdadeira
sabedoria é misericordiosa e produz boas ações, bons frutos.
“sem parcialidade”
aqui vemos que a
verdadeira sabedoria não toma partido. Ela está do lado da verdade.
A verdadeira sabedoria é justa.
“sem hipocrisia”
aqui a palavra
grega traduz literalmente como sem hipocrisia. A sabedoria do alto não é
hipócrita, mas sincera, genuína.
Em suma: A
verdadeira sabedoria é na verdade tentar andar como Jesus andou, amando a Deus,
fazendo o bem, amando e servindo o próximo, e santificando-se.
E por fim, Tiago
reafirma a importância da paz e do pacificador para a sabedoria verdadeira.
Bençãos
para quem pratica a verdadeira sabedoria (18)
Tiago mais uma vez
retorna a questão da paz. Para Tiago, o sábio é aquele que não somente
evidencia pureza, é pacífico, amável, compreensível, cheio de misericórdia e
bons frutos, imparcial e é sincero, mas também semeia em paz boas obras para colher
justiça.
A nossa vida é uma
vida de plantar e colher. Colhemos aquilo que plantamos e se não
plantarmos as sementes certas, não colheremos os frutos certos.
Aquele que plantar
obediência à sabedoria de Deus colherá justiça.
Em Mateus 5:9 diz,
“Bem-aventurados os
pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.”
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