Devocional 08\05\2022 O LEGADO DE RISPA
TÍTULO
O LEGADO DE RISPA
TEXTO
Os atentos leitores das
sagradas Escrituras encontrarão no segundo livro do profeta Samuel um
acontecimento que, de tão peculiar, fez de sua personagem principal, Rispa,
concubina do rei Saul, uma mãe reconhecida através dos séculos como um exemplo
de devoção a seus filhos, mesmo depois de mortos, como nos é narrado “Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho
sobre uma penha, desde o princípio da sega até que a água do céu caiu sobre
eles; e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do
campo de noite” (2 Samuel
21.10).
Faremos bem em observar com atenção os fatos que concederam tal notoriedade a
esta mulher.
A cena principal destes
fatos tem como pano de fundo os acontecimentos narrados no vigésimo primeiro
capítulo de segunda Samuel, onde lemos “E HOUVE nos dias de Davi uma
fome de três anos consecutivos; e Davi consultou ao Senhor, e o Senhor lhe disse: É por causa de Saul e da sua casa
sanguinária, porque matou os gibeonitas” (2 Samuel 21.1). É necessário que retornemos alguns
séculos na história da nação de Israel, encontrando os gibeonitas astutamente
ludibriando a Josué em busca de serem poupados na campanha de ocupação da terra
prometida. Fingindo-se como moradores distantes, os gibeonitas propuseram a
Josué uma aliança de paz, ao que Josué e os demais líderes anuíram a este
acordo sem terem consultado primeiro ao Senhor. Posteriormente Josué veio a descobrir que fora enganado, sendo, porém,
obrigado a manter sua promessa para com aquele povo. Tempos depois, em seu
furor nacionalista, o rei Saul procurou destruí-los, matando a muitos deles.
Quando a seca assolou a terra no tempo do rei Davi, reconhecendo que esta era a
causa do que ocorria, Davi procurou uma forma de reparar tal fato, dizendo “Que quereis que eu vos faça? E que satisfação
vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?”
(2 Samuel 21.3). Ao que os gibeonitas
responderam “O homem que nos destruiu, e intentou
contra nós de modo que fôssemos assolados, sem que pudéssemos
subsistir em termo algum de Israel, de seus filhos se nos deem sete homens, para que os enforquemos ao Senhor em Gibeá de Saul, o eleito
do Senhor” (2 Samuel 21.5,6). Novamente sem consultar ao
Senhor, Davi atendeu à vontade daqueles homens, entregando os filhos de Rispa
entre aqueles que seriam mortos.
É
aqui que tomamos conhecimento da atitude tomada por Rispa diante destes fatos,
zelando pelo corpo de sus filhos “... e não deixou as
aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do campo de noite”. Mesmo diante de tamanha brutalidade, comum em
seu tempo, em momento algum encontramos Rispa a questionar ou exigir qualquer
direito, em momento algum ouvimos a voz de Rispa, apenas sua longa e heroica
vigília. Rispa não possuía nem poder nem influência política, mas por sua
coragem obrigou o poderoso Davi a providenciar um sepultamento digno não
somente para seus filhos, como também para Saul e Jônatas, além de seus cinco
netos que foram também mortos pelos gibeonitas. Este fato deu fim as disputas
entre Davi e a descendência de Saul.
Eis o legado de Rispa, uma mulher sensata em meio à loucura dos homens.
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