Devocional 16\04\2022 O LEGADO DE PÔNCIO PILATOS
TÍTULO
O LEGADO DE PÔNCIO PILATOS
TEXTO
O
atento leitor das Escrituras encontrará nada menos que cinquenta e nove
citações bíblicas ao nome de Pôncio Pilatos, a maior parte destas citações
ocorrendo nos evangelhos, sendo apenas uma vez citado pelo apóstolo Paulo em
sua epístola a Timóteo. Pilatos foi procurador romano
das regiões da Judéia, Samaria e Iduméia, coincidindo seu mandato com o
ministério, morte e ressureição do Senhor Jesus Cristo. Não fosse este fato o
nome de Pilatos jamais seria conhecido como o é. Porém, Pilatos foi a autoridade
romana que condenou à morte o Senhor Jesus Cristo, o que nos faz atentar com
maior cuidado a respeito de sua figura.
A parte de seu trato com Jesus, pouca coisa pode ser conhecida no que diz
respeito a Pilatos a partir dos livros históricos escritos nos primeiros
séculos da era cristã. Sabemos que ele foi responsável pela manutenção da paz
na pequena área que governava e que precisou enfrentar diversas agitações
criadas pelos judeus. Pilatos deixou como marca seu desejo de agradar seus
superiores, procurando impor a adoração aos pendões romanos como se fossem
deuses, fato que desagradava muitíssimo as autoridades judaicas, razão pela
qual Pilatos deixou de exibi-los. Sabemos também que ele residia na cidade de
Cesaréia, mas que no período da páscoa costumava dirigir-se a Jerusalém
acompanhado de suas tropas, temendo que agitações populares ocorressem neste
período, como de fato se deu em relação ao julgamento e condenação de Jesus.
Poucos anos após estes fatos Pilatos foi demitido de seu cargo, após autorizar
o massacre de um grupo de samaritanos, que estavam ocupados de suas lides
religiosas. Devido a esta questão Pilatos foi enviado a Roma para ser julgado.
Os poucos historiadores que citam Pilatos o descrevem como um homem
rígido, brutal e iracundo, dado a aceitar subornos e a subornar. O Novo
Testamento por sua vez o descreve como um governante pragmático, disposto a
acomodar-se a condição que melhor lhe parecesse. O julgamento de Jesus por
Pilatos se deu porque os judeus não tinham autoridade de executar nenhuma
pessoa, porém os membros do sinédrio costumavam pressionar os governantes
romanos a fim de que estes condenassem aqueles que se lhes opunham, acusando-os
como fizeram com Jesus. O evangelista Lucas registra que, por não encontrar em
Jesus nenhum crime passível de morte Pilatos deseja solta-lo “E disse
Pilatos aos principais sacerdotes, e à multidão: Não acho culpa alguma neste
homem” (Lucas 23.4). Revelando sua fraqueza diante dos inflamados judeus
Pilatos envia Jesus a Herodes, que lhe remeteu sem estabelecer uma sentença.
Neste ínterim a mulher de Pilatos lhe adverte a respeito de Jesus ao lhe dizer “Não
entres na questão desse justo, porque num sonho muito sofri por causa dele” (Mateus
27.19). Pilatos não deu ouvidos a sua esposa, preferindo-se acomodar as
questões políticas judaicas e permitindo que estes inflamassem ao povo a fim de
que um homicida fosse solte, enquanto Jesus era condenado. Seu ato mais famoso
é descrito por Mateus ao relatar que “Então Pilatos, vendo que nada
aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da
multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso”
(Mateus 27.24).
O legado de Pilatos é de um homem que, mesmo
convencido e advertido a respeito da verdade sobre Jesus, escolhe ser fiel a
seus próprios interesses, semeando sua própria ruína, semelhante a muitos
outros “Pilatos” que ainda hoje encontramos neste mundo.
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