Devocional 09\04\2022 O LEGADO DE ISAQUE

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O LEGADO DE ISAQUE

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Ao observarmos as figuras de vulto na história da formação da nação de Israel, encontraremos por encabeça-la a tríplice lista dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Único dos grandes patriarcas que nasceu e viveu toda sua vida em Canaã, Isaque possuía uma natureza diferente de seu pai Abraão, homem de coragem e destemor inegáveis, e de seu filho Jacó, que durante sua vida deu imensa vazão a sua astúcia. Já Isaque caracterizava-se pela passividade e devoção, simbolizando na cultura hebraica a submissão do povo de Israel a soberana vontade de Deus, muito por causa de sua atitude diante do anuncio de que ele próprio era o sacrifício que seu pai Abraão haveria de oferecer, ao que se submeteu sem queixas. Certamente nos será útil refletir sobre este personagem do Velho Testamento.

Facilmente podemos confundir a passividade de Isaque com fraqueza de caráter, fato reforçado pelo fato de, como seu pai, ter mentido a respeito de sua esposa e de demonstrar aberta preferência por seu filho Esaú, como nos revela o livro de Gênesis E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó”. É perceptível que Isaque não demonstrou a mesma fé ativa de seu pai, vivendo alguns degraus abaixo daquilo que percebemos em Abraão, porém isso não é razão suficiente para julgarmos Isaque como figura descartável em sua época. Diferente do que vemos em Abraão, não encontramos a respeito de Isaque ações espetaculares geradas por sua fé no Senhor. Da mesma forma vemos que, mesmo sendo filho de um homem que influenciou profundamente toda uma nação, não encontramos nele nenhuma influência dominante nem mesmo sobre sua própria geração. Porém não devemos esquecer que mesmo assim a figura de Isaque recebeu o mesmo respeito e honra ao lado de seu pai e de seu filho, sendo citada trinta e duas vezes tanto no Velho como no Novo Testamento.

Porém é na tipologia de sua pessoa que encontramos o valor atribuído pelas Escrituras a Isaque, começando por seu nascimento miraculoso, tipo do também miraculoso nascimento do Salvador. Passando também pelo momento em que o servo de Abraão parte em busca de uma noiva para ele, tipificando assim o Espírito Santo na sua busca pela noiva de Cristo. Da mesma forma sua atitude de submissão a seu pai quando do sacrifício no monte Moriá serve de tipo para o sacrifício voluntário do Filho de Deus, exibindo a mesma atitude demonstrada por Isaque, como descrito pelo apóstolo Paulo em sua epístola aos filipenses “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. Observemos também que o apóstolo Paulo usa a figura de Isaque ao escrever aos gálatas, dizendo “Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque” (Gálatas 4.28), referindo-se aos filhos espirituais de Abraão, os salvos da igreja.

Finalmente, mesmo que consideremos a passividade como marca principal na vida de Isaque, é inegável que sua vida imaculada, caracterizada pela oração, por seus atos graciosos e pelas constantes ações de graças, diferenciam Isaque das gerações que vieram após ele. Seu legado nos ensina que nem todos serão capazes de realizar grandes feitos pelo Senhor, mas que todos podem, em meio a uma vida tranquila e pacífica, servir e honrar ao Senhor de forma digna e sincera.

 

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